Maria unge com unguento os pés de Jesus.
Mat. 26.6, etc. e refs.
12 Foi pois Jesus seis dias antes da paschoa a Bethania, [1] onde estava Lazaro, o que fallecera, e a quem resuscitara dos mortos.
2 Fizeram-lhe [2] pois ali uma ceia, e Martha servia, e Lazaro era um dos que estavam á mesa com elle.
3 Então [3] Maria, tomando um arratel de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabellos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento.
4 Então um dos seus discipulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de trahil-o, disse:
5 Porque não se vendeu este unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?
6 Ora elle disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, [4] e tinha a bolsa, e trazia o que n’ella se lançava.
7 Disse pois Jesus: Deixae-a; para o dia da minha sepultura guardou isto;
8 Porque [5] os pobres sempre os tendes comvosco; porém a mim nem sempre me tendes.
9 E muita gente dos judeos soube que elle estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas tambem para vêr a Lazaro, a quem [6] resuscitara dos mortos.
10 E [7] os principaes dos sacerdotes consultaram matar tambem a Lazaro;
11 Porque [8] muitos dos judeos, por causa d’elle, iam, e criam em Jesus.
A entrada triumphal de Jesus em Jerusalem.
Mat. 21.1, etc. e refs.
12 No [9] dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera á festa, que Jesus ia de Jerusalem,
13 Tomaram ramos de palmeiras, e sairam-lhe ao encontro, e clamavam: [10] Hosanna: Bemdito o rei d’Israel que vem em nome do Senhor.
14 E [11] achou Jesus um jumentinho, e assentou-se sobre elle, como está escripto:
15 Não [12] temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma jumenta.
16 Os [13] seus discipulos, porém, não entenderam isto no principio; [14] mas, quando Jesus foi glorificado, [15] então se lembraram de que isto estava escripto d’elle, e que isto lhe fizeram.
17 A multidão, pois, que estava com elle quando Lazaro foi chamado da sepultura, testificava que elle o resuscitara dos mortos.
18 Pelo [16] que a multidão lhe saiu ao encontro, porque tinham ouvido que elle fizera este signal.
19 Disseram pois os phariseos entre si: [17] Vêdes que nada aproveitaes? eis que o mundo vae após elle.
Alguns gregos desejam ver a Jesus. Jesus falla da sua glorificação; ouve-se uma voz do céu. Jesus, a luz do mundo.
20 E [18] havia alguns gregos, entre os [19] que tinham subido a adorar no dia da festa.
21 Estes, pois, dirigiram-se a Philippe, [20] que era de Bethsaida na Galilea, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queriamos vêr a Jesus.
22 Philippe foi dizel-o a André, e então André e Philippe o disseram a Jesus.
23 E Jesus lhes respondeu, dizendo: [21] É chegada a hora em que o Filho do homem ha de ser glorificado.
24 Na verdade, na verdade vos digo [22] que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica elle só; porém, se morrer, dá muito [23] fructo.
25 Quem ama a sua vida perdel-a-ha, e quem n’este mundo aborrece a sua vida guardal-a-ha para a vida eterna.
26 Se alguem me serve, siga-me, [24] e, onde eu estiver, ali estará tambem o meu servo. E, se alguem me servir, meu Pae o honrará.
27 Agora [25] a minha alma está turbada; e que direi eu? Pae, salva-me d’esta hora, [26] mas para isto vim a esta hora.
28 Pae, glorifica o teu nome. [27] Então veiu uma voz do céu, que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.
29 Ora a multidão que ali estava, e que a tinha ouvido, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe fallou.
30 Respondeu Jesus, e disse: [28] Não veiu esta voz por amor de mim, mas por amor de vós.
31 Agora é o juizo d’este mundo: agora será expulso [29] o principe d’este mundo.
32 E eu, [30] quando fôr levantado da terra, [31] todos attrahirei a mim.
33 E dizia isto, [32] significando de que morte havia de morrer.
34 Respondeu-lhe a multidão: [33] Nós temos ouvido da lei, que o Christo permanece para sempre; e como dizes tu que convem que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
35 Disse-lhes pois Jesus: A luz ainda está comvosco [34] por um pouco de tempo; [35] andae emquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem. E quem [36] anda nas trevas não sabe para onde vae.
36 Emquanto tendes luz, crêde na luz, para que sejaes [37] filhos da luz. Estas coisas disse Jesus; e, retirando-se, [38] escondeu-se d’elles.
37 E, ainda que tinha feito tantos signaes diante d’elles, não criam n’elle;
38 Para que se cumprisse a palavra do propheta Isaias, que diz: [39] Senhor, quem creu na nossa prégação? e a quem foi revelado o braço do Senhor?
39 Por isso não podiam crêr, porquanto Isaias disse outra vez:
40 Cegou-lhes [40] os olhos, e endureceu-lhes o coração, afim de que não vejam com os olhos, e não comprehendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.
41 Isaias disse isto [41] quando viu a sua gloria e fallou d’elle.
42 Comtudo, até muitos dos principaes crêram n’elle; mas [42] não o confessavam por causa dos phariseos, para não serem expulsos da synagoga.
43 Porque [43] amavam mais a gloria dos homens do que a gloria de Deus.
44 E Jesus clamou, e disse: [44] Quem crê em mim, crê, não em mim, mas n’aquelle que me enviou.
45 E quem [45] me vê a mim, vê aquelle que me enviou.
46 Eu [46] sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquelle que crê em mim não permaneça nas trevas.
47 E, se alguem ouvir as minhas palavras, e não crêr, [47] eu não o julgo: porque [48] eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
48 Quem [49] me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a [50] palavra que tenho fallado, essa o ha de julgar no ultimo dia.
49 Porque [51] eu não tenho fallado de mim mesmo; porém o Pae, que me enviou, elle me deu mandamento [52] sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de fallar:
50 E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Assim que, o que eu fallo, fallo-o como o Pae m’o tem dito.