A Biblia Sagrada, Contendo o Velho e o Novo Testamento

Jesus perante Pilatos.

Mat. 27.1, 2; 11-31 e refs.

15 E logo ao [1] amanhecer os principaes dos sacerdotes, com os anciãos, e os escribas, e todo o concilio, tiveram conselho; e, amarrando a Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos.

2 E Pilatos [2] lhe perguntou: Tu és o Rei dos Judeos? E elle, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.

3 E os principaes dos sacerdotes o accusavam de muitas coisas; porém elle nada respondia.

4 E Pilatos [3] o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam contra ti.

5 Mas Jesus [4] nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava.

6 Ora no dia da festa [5] costumava soltar-lhes um preso qualquer que elles pedissem.

7 E havia um chamado Barabbás, que, preso com outros amotinadores, tinha n’um motim commettido uma morte.

8 E a multidão, dando gritos, começou a pedir que fizesse como sempre lhes tinha feito.

9 E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos Judeos?

10 Porque elle bem sabia que por inveja os principaes dos sacerdotes o tinham entregado.

11 Mas os principaes dos [6] sacerdotes incitaram a multidão para que lhes soltasse antes Barabbás.

12 E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis pois que faça d’aquelle a quem chamaes Rei dos Judeos?

13 E elles tornaram a clamar: Crucifica-o.

14 Mas Pilatos lhes disse: Pois que mal fez? E elles cada vez clamavam mais: Crucifica-o.

15 Porém [7] Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhes Barabbás, e, açoitado Jesus, o entregou para que fosse crucificado.

16 E [8] os soldados o levaram dentro á sala, que é [AGU] a da audiência, e convocaram toda a cohorte;

17 E vestiram-n’o de purpura, e, tecendo uma corôa de espinhos, lh’a pozeram na cabeça.

18 E começaram a saudal-o, dizendo: Salve, Rei dos Judeos!

19 E feriram-n’o na cabeça com uma canna, e cuspiram n’elle, e, postos de joelhos, o adoraram.

20 E, havendo-o escarnecido, despiram-lhe a purpura, e o vestiram com os seus proprios vestidos, e o levaram fóra para o crucificar.

A crucifixão.

Mat. 27.32-56 e refs.

21 E constrangeram um certo [9] Simão Cyreneo, pae de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.

22 E levaram-n’o ao [10] logar do Golgotha, que é, traduzido, logar da Caveira.

23 E deram-lhe a [11] beber vinho com myrrha, mas elle não o tomou.

24 E, havendo-o crucificado, repartiram os seus vestidos, [12] lançando sobre elles sortes, para saber o que cada um levaria.

25 E era a hora terceira, [13] e o crucificaram.

26 E por cima d’elle estava [14] escripta a sua accusação: O REI DOS JUDEOS.

27 E crucificaram [15] com elle dois salteadores, um á sua direita, e outro á esquerda.

28 E cumpriu-se [16] a escriptura que diz: E com os malfeitores foi contado.

29 E os que passavam blasphemavam d’elle, [17] meneando as suas cabeças, e dizendo: [18] Ah! tu que derribas o templo, e em tres dias o edificas,

30 Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz.

31 E da mesma maneira tambem os principaes dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para os outros, zombando: Salvou os outros, e não pode salvar-se a si mesmo;

32 O Christo, o Rei d’Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos. Tambem os que com elle estavam crucificados [19] o injuriavam.

33 E, chegada a hora sexta, [20] foram feitas trevas sobre toda a terra até á hora nona.

34 E, á hora nona, Jesus exclamou com grande voz, [21] dizendo: Eloi, Eloi, lama sabachthani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?

35 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Eis que chama por Elias.

36 E um d’elles correu [22] a encher uma esponja de vinagre, e, pondo-a n’uma canna, deu-lh’o a beber, dizendo: Deixae, vejamos se virá Elias tiral-o.

37 E Jesus, [23] dando um grande brado, expirou.

38 E o véu [24] do templo se rasgou em dois, d’alto a baixo.

39 E o centurião, [25] que estava defronte d’elle, vendo que assim clamando expirára, disse: Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus.

40 E tambem ali estavam algumas mulheres, [26] olhando de longe, entre as quaes estavam tambem Maria Magdalena, e Maria, mãe de Thiago, o menor, e de José, e Salomé;

41 As quaes tambem o seguiam, [27] e o serviam, quando estava na Galilea; e muitas outras, que tinham subido com elle a Jerusalem.

A sepultura de Jesus.

Mat. 27.57-66 e refs.

42 E, [28] chegada a tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a vespera do sabbado,

43 Chegou José d’Arimathea, senador honrado, que tambem [29] esperava o reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus.

44 E Pilatos se maravilhou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido.

45 E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José,

46 O qual comprou [30] um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu no lençol, e o depositou n’um sepulchro lavrado n’uma rocha; e revolveu uma pedra para a porta do sepulchro.

47 E Maria Magdalena e Maria mãe de José olhavam onde o punham.

[1] Psa. 2.2. Luc. 22.66 e 23.1. João 18.28. Act. 3.13 e 4.26.

[2] Mat. 27.11.

[3] Mat. 27.13.

[4] Isa. 63.7. João 19.9.

[5] Mat. 27.15. Luc. 23.17. João 18.39.

[6] Mat. 27.20. Act. 3.14.

[7] Mat. 27.26. João 19.1, 16.

[8] Mat. 27.27.

[9] Luc. 23.25.

[10] Mat. 27.33. Luc. 23.33. João 19.17.

[11] Mat. 27.34.

[12] Psa. 22.18. Luc. 23.34. João 19.23.

[13] Mat. 27.45. Luc. 23.34. João 19.23.

[14] Mat. 27.37. João 19.19.

[15] Mat. 27.38.

[16] Isa. 53.12. Luc. 22.37.

[17] Psa. 22.7.

[18] cap. 14.58. João 2.19.

[19] Mat. 27.44. Luc. 23.39.

[20] Mat. 27.45. Luc. 23.44.

[21] Psa. 22.1. Mat. 27.46.

[22] Mat. 27.48. João 19.29. Psa. 69.21.

[23] Mat. 27.50. Luc. 23.46. João 19.30.

[24] Mat. 27.51. Luc. 23.45.

[25] Mat. 27.54. Luc. 23.47.

[26] Mat. 27.55. Luc. 23.49. Psa. 38.11.

[27] Luc. 8.2, 3.

[28] Luc. 23.50. João 19.38.

[29] Luc. 2.25, 38. Mat. 27.59, 60.

[30] Luc. 23.53. João 19.40.