A Biblia Sagrada, Contendo o Velho e o Novo Testamento

Salomão abençoa o povo e dá graças ao Deus de Israel.

6 Então [1] disse Salomão: O Senhor tem dito que habitaria nas trevas.

2 E eu te tenho edificado uma casa para morada, e um logar para a tua eterna habitação.

3 Então o rei virou o seu rosto, e abençoou a toda a congregação d’Israel, e toda a congregação d’Israel estava em pé.

4 E elle disse: Bemdito seja o Senhor Deus d’Israel, que fallou pela sua bocca a David meu pae; e pelas suas mãos o cumpriu, dizendo:

5 Desde o dia em que tirei a meu povo da terra do Egypto, não escolhi cidade alguma de todas as tribus d’Israel, para edificar n’ella uma casa em que estivesse o meu nome; nem escolhi homem algum para ser chefe do meu povo, Israel.

6 Porém escolhi [2] a Jerusalem, para que ali estivesse o meu nome; e escolhi a David, para que tivesse cargo do meu povo, Israel.

7 Tambem David [3] meu pae teve no seu coração o edificar uma casa ao nome do Senhor, Deus d’Israel.

8 Porém o Senhor disse a David meu pae: Porquanto tiveste no teu coração o edificar uma casa ao meu nome, bem fizeste, de ter isto no teu coração.

9 Comtudo tu não edificarás a casa, mas teu filho, que ha de proceder de teus lombos, esse edificará a casa ao meu nome.

10 Assim confirmou o Senhor a sua palavra, que elle fallou; porque eu me levantei em logar de David meu pae, e me assentei sobre o throno d’Israel, como o Senhor disse, e edifiquei a casa ao nome do Senhor, Deus d’Israel.

11 E puz n’ella a arca, em que está o concerto do Senhor [4] que fez com os filhos d’Israel.

A oração de Salomão.

12 E poz-se [5] em pé perante o altar do Senhor, defronte de toda a congregação d’Israel, e estendeu as suas mãos.

13 Porque Salomão tinha feito uma base de metal, de cinco covados de comprimento, e de cinco covados de largura, e de tres covados d’altura, e a tinha posto no meio do pateo, e poz-se n’ella em pé, e ajoelhou-se de joelhos em presença de toda a congregação d’Israel, e estendeu as suas mãos para o céu:

14 E disse: Ó Senhor, Deus d’Israel, não ha Deus similhante [6] a ti, nem nos céus nem na terra; que guardas o concerto e a beneficencia aos teus servos que caminham perante ti de todo o seu coração.

15 Que guardaste [7] ao teu servo David, meu pae, o que lhe fallaste: porque tu pela tua bocca o disseste, e pela tua mão o cumpriste, como se vê n’este dia.

16 Agora pois, Senhor, Deus d’Israel, guarda ao teu servo David, meu pae, o que fallaste, dizendo: Nunca faltará [8] de ti varão de diante de mim que se assente sobre o throno d’Israel; tão sómente que teus filhos guardem seu caminho, andando na minha lei, como tu andaste diante de mim.

17 E agora, Senhor Deus d’Israel, verifique-se a tua palavra, que fallaste ao teu servo, a David.

18 Mas verdadeiramente habitará Deus com os homens na terra? eis que [9] os céus e o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que tenho edificado?

19 Attende pois á oração do teu servo, e á sua supplica, ó Senhor meu Deus: para ouvires o clamor, e a oração, que o teu servo ora perante ti.

20 Que os teus olhos estejam dia e noite abertos sobre este logar, de que disseste que ali porias o teu nome; para ouvires a oração que o teu servo orar n’este logar.

21 Ouve pois as supplicas do teu servo, e do teu povo Israel, que orarem n’este logar; e ouve tu do logar da tua habitação, desde os céus; ouve pois, e perdoa.

22 Quando alguem peccar contra o seu proximo, e lhe impuzer juramento de maldição, para se amaldiçoar a si mesmo, e o juramento de maldição vier perante o teu altar, n’esta casa,

23 Ouve tu então desde os céus, e obra, e julga a teus servos, pagando ao impio, lançando o seu proceder sobre a sua cabeça: e justificando ao justo, dando-lhe segundo a sua justiça.

24 Quando tambem o teu povo Israel fôr ferido diante do inimigo, por ter peccado contra ti, e elles se converterem, e confessarem o teu nome, e orarem e supplicarem perante ti n’esta casa,

25 Então ouve tu desde os céus, e perdoa os peccados de teu povo Israel; e fal-os tornar á terra que lhes tens dado a elles e a seus paes.

26 Quando os céus se [10] cerrarem, e não houver chuva, por terem peccado contra ti, e orarem n’este logar, e confessarem teu nome, e se converterem dos seus peccados, quando tu os affligires,

27 Então ouve tu desde os céus, e perdoa o peccado de teus servos, e do teu povo Israel, ensinando-lhes o bom caminho, em que andem; e dá chuva sobre a tua terra, que déste ao teu povo em herança.

28 Havendo fome [11] na terra, havendo peste, havendo queimadura dos trigos, ou ferrugem, gafanhotos, ou lagarta, cercando-a algum dos seus inimigos nas terras das suas portas, ou quando houver qualquer praga, ou qualquer enfermidade,

29 Toda a oração, e toda a supplica, que qualquer homem fizer, ou todo o teu povo Israel, conhecendo cada um a sua praga, e a sua dôr, e estender as suas mãos para esta casa,

30 Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e perdoa, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, segundo conheces [12] o seu coração (pois só tu conheces o coração dos filhos dos homens),

31 A fim de que te temam, para andarem nos teus caminhos, todos os dias que viverem na terra que déste a nossos paes.

32 Assim tambem ao estrangeiro, que [13] não fôr do teu povo Israel, mas vier de terras remotas por amor do teu grande nome, e da tua poderosa mão, e do teu braço estendido: vindo elles e orando n’esta casa,

33 Então ouve tu desde os céus, do assento da tua habitação, e faze conforme a tudo o que o estrangeiro te supplicar; a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, e te temam, como o teu povo Israel; e afim de saberem que pelo teu nome é chamada esta casa que edifiquei.

34 Quando o teu povo sair á guerra contra os seus inimigos, pelo caminho que os enviares, e orarem a ti para a banda d’esta cidade que escolheste, e d’esta casa, que edifiquei ao teu nome;

35 Ouve então desde os céus a sua oração, e a sua supplica, e executa o seu direito.

36 Quando peccarem contra ti (pois não ha homem [14] que não peque), e tu te indignares contra elles, e os entregares diante do inimigo, para que os que os captivarem os levem em captiveiro para alguma terra, remota ou visinha,

37 E na terra, para onde forem levados em captiveiro, tornarem em si, e se converterem, e na terra do seu captiveiro, a ti supplicarem, dizendo: Peccámos, perversamente fizemos, e impiamente obrámos;

38 E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra do seu captiveiro, a que os levaram presos, e orarem para a banda da sua terra, que déste a seus paes, e d’esta cidade que escolheste, e d’esta casa que edifiquei ao teu nome,

39 Ouve então desde os céus, do assento da tua habitação, a sua oração e as suas supplicas, e executa o seu direito; e perdoa ao teu povo que houver peccado contra ti.

40 Agora pois, ó meu Deus, estejam os teus olhos abertos, e os teus ouvidos attentos á oração d’este logar.

41 Levanta-te pois agora, Senhor Deus, para o teu repouso, [15] tu e a arca da tua fortaleza: os teus sacerdotes, ó Senhor Deus, sejam vestidos de salvação, e os teus sanctos se [16] alegrem do bem.

42 Ah! Senhor Deus, não faças virar o rosto do teu ungido: lembra-te [17] das misericordias de David teu servo.

[1] I Reis 8.12, etc. Lev. 16.2.

[2] cap. 12.13. I Chr. 28.4.

[3] II Sam. 7.2. I Chr. 17.1 e 28.2.

[4] cap. 5.10.

[5] I Reis 8.22.

[6] Exo. 15.11. Deu. 4.39 e 7.9.

[7] I Chr. 22.9.

[8] II Sam. 7.12, 16. I Reis 2.4 e 6.12. cap. 7.18.

[9] II Sam. 6.13.

[10] I Reis 17.1.

[11] cap. 20.9.

[12] I Chr. 28.9.

[13] João 12.20. Act. 8.27.

[14] Pro. 20.9. Ecc. 7.20. Thi. 3.2. I João 1.8.

[15] I Chr. 28.2.

[16] Neh. 9.25.

[17] Isa. 55.3.