W
*W*, Esta letra não se emprega em palavras portuguesas, mas só em nomes estrangeiros que ainda não estejam aportuguesados, como Washington, Waterloo, Weimar, Westminster, Windor, Worms, etc.
X
*Xangai*, (e não *Shanghae*, nem *Changhai*, como se tem escrito) cidade e pôrto da China. Xangai é a boa e antiga escrita portuguesa.
*Xicôco*,
Nome português e antigo de uma das grandes ilhas do Japão.
Os Franceses e Ingleses chamam-lhe Si-kok, os Hollandeses Sikokf, e
vêem-se êstes barbarismos em livros e mappas portugueses.
*Xira, (Villa Franca de)*, villa do districto de Lisbôa. Em documentos antigos, lê-se Cira. Cf. Portug. Monum. Hist., p. 562.
*Xirás*, o mesmo ou melhór que Xiraz. Cf. Tenreiro, IV.
*Xiraz*, cidade da Pérsia.
*Xire*, (e não *Chire*) rio de Moçambique.
*Xobregas*,
Fórma antiga de Xabregas, antigo mosteiro de Lisbôa.
Y
*Y*, Como inicial, não se emprega em português, mas só nos nomes estrangeiros, que ainda não foram aportuguesados por quem o possa fazer, como Yvetot, York, etc.
} *Yokoama*, (v. Iocoama)
} *Yolof*, (v. Jalofo)
} *Yucatan*, (v. Iucatão)
Z
*Zambeze*, rio africano, a que os descobridores Portugueses chamaram rio dos Bons-Sinaes.
*Zanguebar*, e *Zanzibar*
Não se confundam êstes dois termos, como succede em livros de Geographia:
Zanguebar é a grande região, que se estende sôbre a costa oriental da
África, desde o país dos Somális até Moçambique, compreendendo vários
Estados, como Zanzibar, Quíloa, Magadoxo, Melinde, etc.
*Zanzibar*, ilha do mar das Índias, na costa de Zanguebar; cidade da mesma ilha, capital de um sultanado; o Estado, governado por um sultão, e que compreende, além daquella ilha, uma parte da costa de Zanguebar.
*Zara*, Outra fórma de Çahará. Zára, pela sua accentuação tónica, deixa suppor a legitimidade prosódica de Çáhara ou Çahára. Cf. Barros, Déc. I, liv. I, cap. 13.
*Zelanda*, o mesmo que Zelândia. Cf. Lusíadas, VII, 61.
*Zelândia*, província da Holanda. (Cp. Zelanda)
Appendículo alphabético
DE VÁRIOS NOMES PRÓPRIOS PESSOAES, ANTIGOS E MODERNOS, QUE SE NOS DEPARAM ADULTERADOS NA PRONÚNCIA OU NA ESCRITA, OU EM AMBAS AS COISAS
A
*Abdala*, pai de Mafoma. (Ár. Abd-allah)
*Abdelcáder*, guerreiro marroquino. (Ár. Abd-el-kádir)
*Abdelcádir*, guerreiro marroquino. (Ár. Abd-el-kádir)
*Achêmenes*, (quê) primeiro Rei da Pérsia. (Lat. Archaémenes[12])
*Adonai*, um dos nomes que os Judeus davam á divindade. (Lat. Adonai)
*Adónide*, formoso príncipe mythológico. (Lat. Adónis)
*Adónis*, formoso príncipe mythológico. (Lat. Adónis)
*Agáthias*, historiador grego. (Lat. Agáthias)
*Agáthodes*, (não *Agatódes*)
Antigo Rei da Sicília.
(Lat. Agáthodes)
*Agátias*, historiador grego. (Lat. Agáthias)
*Agátodes*, (não *Agatódes*)
Antigo Rei da Sicília.
(Lat. Agáthodes)
*Ágave*, nome de vários personagens mythológicos.
(Lat. Ágave)
*Aires*, (não *Ayres*) nome de homem. (Do nome medieval Árias < Airas < Aires)
*Alcâmenes*, estatuário grego. (Lat. Alcâmenes)
*Alfieri*, (é) célebre poéta italiano do séc. XVIII.
*Amásis*, antigo Rei do Egýpto. (Lat. Amásis)
*Amenótep*, nome de vários Reis do antigo Egýpto.
*Amphílocho*, (co) escritor atheniense. (Lat. Amphílochus)
*Anábasis*, obra de Xenophonte. (Lat. Anábasis)
*Anaxímenes*, (csi) philosopho de Mileto. (Lat. Anaxímenes)
*Ândersen*, famoso poéta dinamarquês.
*Andrómaca*, mulhér de Heitor, filho de Príamo, Rei de Tróia. (Lat. Andrómacha)
*Andrómacha*, (ca) mulhér de Heitor, filho de Príamo, Rei de Tróia. (Lat. Andrómacha)
*Andronico*, (ní) poéta latino. (Lat. Andronicus)
*Anfíloco*, escritor atheniense. (Lat. Amphílochus)
*Aquêmenes*, primeiro Rei da Pérsia. (Lat. Archaémenes[12])
*Antero*, (e não *Anthero*) nome de homem. (Lat. Anterus. Cf. Roquete, Diccion. Port. Fr.)
*Antíocho*, (co) (e não *Antiôco*) nome de vários Reis da Sýria.
*Antíoco*, (e não *Antiôco*) nome de vários Reis da Sýria.
*Ântipas*, (e não *Antípas*) cognome daquelle Herodes, tetrarcha da Galileia, que, apaixonado pela filha de Herodíades, autorizou a decapitação de San-João Baptista. (Lat. Ântipas)
*Antípater*, general de Alexandre Magno. (Lat. Antípater)
*Appollodoro*, (dó e não ló) gramático atheniense. (Lat. Appollodórus)
*Apolodoro*, (dó e não ló) gramático atheniense. (Lat. Appollodórus)
*Apuleio*, escritor latino. (Lat. Apuleius)
*Archílocho*, (ar-quí-lo-co) antigo poeta grego. (Lat. Archílocus)
*Argensola*, (só) nome de dois antigos literatos espanhóis.
*Argo*,
indivíduo que, segundo a Mythologia, tinha cem olhos.
Nome do navio, em que os Gregos foram á conquista do Vello-de-Oiro.
(Lat. Argos)
*Argos*,
indivíduo que, segundo a Mythologia, tinha cem olhos.
Nome do navio, em que os Gregos foram á conquista do Vello-de-Oiro.
(Lat. Argos)
*Aristobulo*, (não *Aristóbulo*) nome de dois Reis da Judeia. (Lat. Aristobúlus)
*Aristogíton*, antigo conspirador atheniense. (Lat. Aristogíton)
*Aristómenes*, escritor grego. (Lat. Aristómenes)
*Aristonico*, (ní) principe persa. (Lat. Aristonícus)
*Arquíloco*, antigo poeta grego. (Lat. Archílocus)
*Arsínoe*, uma das filhas de Atlante, segundo a Mythologia. (Lat. Arsínoe)
*Astíages*,
Rei da Média, avô de Cyro.
(Lat. Astýages)
*Astýages*,
Rei da Média, avô de Cyro.
(Lat. Astýages)
*Átropos*, personagem mythológica, uma das Parcas. (Lat. Átropos)
*Averróes*, (não *Avérroes*, como alguns mandam lêr) philósopho árabe, nascido em Córdova.—Avérroes seria latinização injustificável de um nome árabe, cuja prosódia não é preciso alterar.
B
*Baedeker*, (bédequer) autor de um famoso guia de viajantes.
*Bagôas*, nome de vários persas. (Lat. Bagôas)
*Beccaria*, (cari) célebre publicista italiano.
*Beresford*, (bé) general inglês, generalíssimo do exército de Portugal em 1809.
*Bismarck*, (*Bismarque*, não *Bismárque*) estadista prussiano.
*Brígida*, (e não *Brízida*, como escreveu Garrett)
nome de mulhér.
(Lat. eccles. Brígita)
*Brás*, (não *Braz*) nome de homem. (Lat. Blásius)
C
*Canova*, (nó) célebre escultor italiano.
*Cânovas*, nome de um finado estadista espanhol.
*Ciaxares*, (não *Ciáxares*)
Rei dos Médos.
(Lat. Cyaxáres)
*Cleopatra*, (pá)
Raínha do Egypto, no séc. I antes de Christo.—Cleópatra é pronúncia
usual, mas errónea.
(Lat. Cleopátra)
*Cyaxares*, (não *Ciáxares*)
Rei dos Médos.
(Lat. Cyaxáres)
D
*Dalila*, (não *Dálila*) mulhér hebreia, amante de Sansão. (Lat. Dalíla)
*Dâmocles*, (não *Damócles*) cortesão de Dionýsio, tyranno de Syracusa. (Lat. Dâmocles)
*Debora*, (bó) (e não *Débora*) prophetisa, que governou os Hebreus 40 annos, e a quem se attribue o célebre cantico, que se lê na Bíblia, (Juízes, cap. V).
*Demódoco*, célebre tangedor de lyra. (Lat. Demódocus)
*Desdêmona*, personagem de uma tragédia de Shakespeare.—Os Ingleses dizem Desdemóna; mas o nome é italiano, e os Italianos dizem Desdêmona.
*Dinora*, (não *Dinorah*) nome de mulhér.
*Dioníso*, (não *Diónyso*) nome, que os Gregos davam a Baccho. (Lat. Dionýsus)
*Dionýso*, (não *Diónyso*) nome, que os Gregos davam a Baccho. (Lat. Dionýsus)
E
*Édipo*, (e não *Edípo*) personagem mythológico, que decifrou o enigma da Esphynge. (Lat. Oédipus)
*Elói*, (e não *Elóy*) nome de homem. (Lat. Elogius. Cf. Roquete, Diccion. Port. Fr.)
*Empédocles*, philosopho antigo. (Lat. Empédocles)
*Encélado*, gigante que, segundo a Mythologia, foi aprisionado por Júpiter. (Lat. Encéladus)
*Éolo*, deus dos ventos, segundo a Mythologia. (Lat. Aéolus)
*Érebo*, divindade infernal, segundo a Mythologia. (Lat. Érebus)
*Eróstrato*, incendiário do templo de Diana em Épheso.
*Éschilo*, (qui) poéta trágico da Grécia antiga. (Lat. Aéschilus)
*Éschines*, (qui) orador atheniense, rival de Demósthenes. (Lat. Aéschines)
*Espártaco*, gladiador thrácio, chefe de uma revolta na antiga Roma.
(Lat. Spártacus)
*Ésquilo*, poéta trágico da Grécia antiga. (Lat. Aéschilus)
*Ésquines*, orador atheniense, rival de Demósthenes. (Lat. Aéschines)
*Estrabão*, (e não *Strabão*) notável geógrapho latino. (Lat. Strabo)
*Etéocles*, (e não *Eteócles*) filho de Édipo. (Lat. Etéocles)
*Eurípides*, grande poéta trágico da Grécia antiga. (Lat. Eurípides)
G
*Gengiscão*, (e não *Gengis-khan* e, ainda menos, *Gengiskan*) célebre príncipe mongol, que no século dominou territórios, que se estendiam do Mar-Negro ao Mar da China.
H
*Eduviges*, (e não *Hedwiges*) nome de mulhér. Cf. Roquete, Diccion. Port. Fr.
*Hécate*, outro nome da deusa Diana. (Lat. Hécate)
*Heduviges*, (e não *Hedwiges*) nome de mulhér. Cf. Roquete, Diccion. Port. Fr.
*Heliogábalo*, (e não *Heliogabálo*) imperador romano. (Lat. Heliogábalus)
*Heródoto*, célebre historiador grego. (Lat. Heródotus)
*Hípias*, (e não *Hipías*) filho de Pisístrato. (Lat. Híppias)
*Híppias*, (e não *Hipías*) filho de Pisístrato. (Lat. Híppias)
*Hortênsia*, (e nunca *Hortense* e, ainda menos, *Hortence*)
nome de mulhér.
(Lat. Hortensia)
I
*Ifigênia*, (e não *Ephigênia*)
nome de mulhér.—Ifigênia é a pronúncia usual, mas a exacta seria
Ifigenía.
(Lat. Ifigenia, do gr. Iphigeneia)
*Ínacho*, (co) primeiro Rei de Argos. (Lat. Ínachus)
*Ínaco*, primeiro Rei de Argos. (Lat. Ínachus)
*Inês*, (e não *Ignêz*) nome de mulhér. (Do lat. Agnes)
*Iphigênia*, (e não *Ephigênia*)
nome de mulhér.—Ifigênia é a pronúncia usual, mas a exacta seria
Ifigenía.
(Lat. Ifigenia, do gr. Iphigeneia)
*Isócrates*, rhetórico atheniense. (Lat. Isócrates)
J
*Jaime*, (e não *Jayme*) nome de homem. (Fr. Jame, ingl. James)
K
*Karénina*, (e não *Karenína*) heroina de um romance de Tolstoi.
L
*Láchese*, (que) uma das três Parcas. (Lat. Lachesis)
*Láchesis*, (que)
(V. Láchese)
*Lâmpsaco*, antiga cidade da Mysia, sôbre o Hellesponto. (Lat. Lâmpsacum)
*Laódice*, nome de várias mulhéres célebres, na antiguidade. (Lat. Laódice)
*Láquese*, uma das três Parcas. (Lat. Lachesis)
*Leónidas*, celebre general lacedemónio, que foi morto nas Thermópylas. (Lat. Leónidas)
*Longímano*, (e não *Longimâno*) sobrenome de Artaxerxer, Rei da Pérsia. (Lat. Longímanus)
*Luís*, (e não *Luiz*) nome de homem. (B. lat. Aloisius)
M
*Médicis*, appellido de uma nobre e célebre família florentina.
*Mégara*, antiga cidade grega. (Lat. Mégora)
*Mendelssohn*, (Mên…, e não *Mendélssohn*) compositor alemão, filho de um philósopho que tinha o mesmo appellido.
*Mirandola*, (*Mirândola*, e não *Mirandóla*) João Pico de la Mirandola é o nome do famoso polýgrapho italiano, que aos déz annos já occupava lugar entre os melhóres oradores e poétas do seu tempo, e aos 25 annos defendia em Roma a conhecida these De omni scibili, sôbre a qual apresentou 900 proposições.
*Mithridates*, (dá, e não *Mithrídates*) nome, de um célebre Rei do Ponto, e de vários Reis da Ásia. (Lat. Mithridátes)
*Mitridates*, (dá, e não *Mithrídates*) nome, de um célebre Rei do Ponto, e de vários Reis da Ásia. (Lat. Mithridátes)
N
*Nêmese*, deusa vingadora dos crimes, segundo a Mythologia. (Lat. Nêmesis)
*Néocles*, pai de Temístocles. (Lat. Néocles)
*Neoptólemo*, filho do herói grego Achilles. (Lat. Neoptólemus)
*Nictímene*, personagem mythológica. (Lat. Nyctímene)
*Níobe*, (e não *Nióbe*) personagem mythológica, filha de Tântalo. (Lat. Níobe)
*Nyctímene*, personagem mythológica. (Lat. Nyctímene)
O
*Ômphale*, (e não *Onfále*)
segundo a Mythologia, mulhér de Hércules, o qual fiava na roca, para lhe
agradar.
(Lat. Omphale)
*Ônfale*, (e não *Onfále*)
segundo a Mythologia, mulhér de Hércules, o qual fiava na roca, para lhe
agradar.
(Lat. Omphale)
P
*Pátroclo*, herói da guerra de Tróia, morto por Heitor. (Lat. Pátroclus)
*Péricles*, célebre general e orador atheniense. (Lat. Péricles)
*Perséfona*, outro nome da deusa Prosérpina. (Lat. Perséphona)
*Perséphona*, outro nome da deusa Prosérpina. (Lat. Perséphona)
*Pisístrolo*, tyranno de Athenas, no séc. VI antes de Christo. (Lat. Pisistratus)
*Praxíteles*, célebre escultor da Grécia. (Lat. Praxíteles)
*Prosérpina*, mulhér de Plutão, deus dos Infernos, segundo a Mythologia. (Lat. Prosérpina)
R
*Reinaldo*, (e não *Reynaldo*) nome de homem. (B. lat. Rainaldus. Cf. Du-Cange, Gloss., vb. chella)
*Rhódope*, famosa cortesan da Thrácia, em tempo de Esopo. (Lat. Rhódope)
*Ródope*, famosa cortesan da Thrácia, em tempo de Esopo. (Lat. Rhódope)
S
*Sara*, (e não *Sarah*) personagem bíblica, mulhér de Abrahão.
*Sardanapalo*, (pá, e não ná)
Rei da Assýria.
(Lat. Sardanapálus)
*Sátiro*, (e jámais *Satýro*, ou *Satíro*, como assinam indivíduos da
nossa terra)
(Lat. Sátyrus)
*Sátyro*, (e jámais *Satýro*, ou *Satíro*, como assinam indivíduos da
nossa terra)
(Lat. Sátyrus)
*Savonarola*, (naró, e não *Savonárola*)
célebre prègador dominicano, que foi accusado de heresia e queimado vivo
em 1498.
(N. it.)
*Sêneca*, philosópho, preceptor de Nero, e filho de um rhetórico do mesmo nome. (Lat. Sêneca)
*Sísifo*, personagem mythológica. (Lat. Sisyphus)
*Sísypho*, personagem mythológica. (Lat. Sisyphus)
*Sófocles*, grande poéta trágico da Grécia antiga. (Lat. Sóphocles)
*Sóphocles*, grande poéta trágico da Grécia antiga. (Lat. Sóphocles)
T
*Tamerlão*, (e não *Tarmelan*) célebre conquistador tártaro do séc. XIV.
*Temístocles*, antigo general atheniense, vencedor dos Persas. (Lat. Themístocles)
*Temudo*, (e não *Themudo*) appellido português. (De temudo, particípio ant. de temer)
*Teresa*, (e não *Theresa* nem *Thereza*) nome de mulhér. (Na Idade-Média, Tareja, Taresia, Teresa, etc.)
*Themístocles*, antigo general atheniense, vencedor dos Persas. (Lat. _Themístocles).
*Thomás*, (e não *Thomaz*) nome de homem. (Lat. Thomas)
*Tiago*, nome de homem.—Thiago é êrro crasso. (De Santo Iago < Sant'Iago < San-Tiago < Tiago)
*Tisífone*, figura mythológica, uma das Fúrias. (Lat. Tisíphone)
*Tisíphone*, figura mythológica, uma das Fúrias. (Lat. Tisíphone)
*Triptólemo*, inventor da Agricultura, segundo a Mythologia. (Lat. Triptólemus)
*Tomás*, (e não *Thomaz*) nome de homem. (Lat. Thomas)
Z
*Zópiro*, nome de um persa, que se mutilou, para entregar Babylónia a Dario. (Lat. Zópyrus)
*Zópyro*, nome de um persa, que se mutilou, para entregar Babylónia a Dario. (Lat. Zópyrus)
Notas:
[1] De passagem advertirei que ao diccionarista consciencioso mais de uma vez se deparam difficuldades no registo dos vocábulos brasílicos. Como os Tupis não tinham língua escrita, muitos vocábulos, que delles procederam, apparecem hoje escritos por mais de uma fórma, segundo o arbítrio de quem escreve. Assim é que,—referindo-me apenas a alguns vocábulos da letra G,—vejo na imprensa do Brasil as variantes gopiara e gupiara, gariroba e guariroba, gurandirana e guarandirana, gurejuba e gurijuba, guaiamum e goiamum, goiaba e guayaba (fórma preferida por Beaurepaire-Rohan), etc.
Sobretudo longe do Brasil, não é nada fácil decidir qual das variantes de um vocábulo brasílico é a exacta ou, pelo menos, a preferível. Em taes condições, julgo que andei bem avisado, registando as variantes que se me depararam, e remetendo o leitor para a fórma vocabular, que mais corrente se me afigurava. A exegese dos eruditos brasileiros,—que os há e muitos,—poderá resolver a dúvida em última instância, e os seus acórdãos acatarei como devo.
(Nota desta 2.^a edição).
[2] O finado proprietário da casa editora Tavares Cardoso & Irmão, Sr. Avelino Tavares Cardoso.
[3] Sobretudo nesta nova edição, embora succintamente, pude abonar com textos dos mestres o emprêgo e as accepções de milhares de vocábulos menos vulgares, ou pouco conhecidos; e rara é a pagina, em que certas accepções vocabulares não sejam acompanhadas de exemplos,—o que sem dúvida representa um dos mais sensíveis melhoramentos desta edição.
(Nota desta nova edição).
[4] Escrevia-se isto em 1899. Annos depois, foi officialmente adoptado um processo orthográphico de simplificação, que aboliu as consoantes geminadas, o y, o k, os grupos ph, th, rh, ch (=k), etc. Nesta nova edição portanto, a par das palavras que, etymologicamente e segundo o uso, tem consoantes geminadas, regista-se a correspondente fórma simplificada.
(Nota da nova edição).
[5] Cf. C. de Figueiredo, Vícios da Linguagem Médica, 1 vol. de 291 pág. Lisboa, 1910.
(Nota desta nova edição).
[6] A propósito da orthographia portuguesa, deu-se, entre a 1.^a e 2.^a edição do presente Diccionário, um acontecimento memorável, que me cumpre registar neste ponto.
Em Portaria do Govêrno, de 15 de Fevereiro de 1911, foi nomeada uma Commissão, encarregada de fixar as bases da orthographia que deve sêr adoptada nas escolas e nos documentos e publicações officiaes. Essa Commissão era composta de D. Carolina Michaëlis, Gonçalves Viana, Candido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, e foram-lhe depois aggregados Ribeiro de Vasconcelos, Gonçalves Guimarães, Epifânio Dias, Júlio Moreira, J. J. Nunes e Borges Graínha.
Essa Commissão, em 23 de Agosto do mesmo anno, apresentou o seu relatório, firmado pelos vogaes residentes em Lisbòa, com prévia audiência e assenso dos vogaes ausentes; e dias depois, em Portaria de 1 de Setembro, mandava o Govêrno que a reforma ortográphica, proposta naquelle relatório, fôsse adoptada nas escolas e nos documentos e publicações officiaes.
Eis a súmmula desta reforma, ou a sýnthese dos seus pontos capitaes:
1.^o—Não se duplicam consoantes.—Portanto, beleza, aprovar, imediato, abade, Melo, Matos, Mota…
2.^o—Simplificam-se e substituem-se os grupos ph, th, rh, ch (com o valor de k).—Portanto, filosofia, teatro, reumatismo, quimera, química, corografia.
3.^o—Não se emprega y, nem k, nem w.—Portanto, lira, martírio, calendário, Venceslau… Exceptuam-se só os vocábulos derivados de nomes próprios estrangeiros, como byroniano, kantismo, wiclefitas…
4.^o—Dentro de vocábulos não se escreve h. Portanto, inerente, inibir, inábil, compreender, inumano…
5.^o—Os ditongos oraes, ae, áo, éo, óe, substituem-se por ai, au, éu, ói.—Portanto, pai, pais, jornais, marau, chapéu, herói, anzóis…
6.^o—Evitam-se consoantes inúteis.—Portanto, escritura, escritor, escultura, distrito, salmo, luta…
Exceptuam-se os casos, em que a consoante, embora se não pronuncie, tem a utilidade de significar que é aberta a vogal que a precede, como em exceptuar, rectidão, redacção, direcção, actor, etc., e nos vocábulos das mesmas familias: excepto, recto, redactor, directo, actuar…
7.^o—O pronome pessoal enclítico lo liga-se aos verbos por um traço.—Portanto, tu faze-lo e eu não posso fazê-lo; louvá-lo; ouvimo-lo…
8.^o—O emprêgo do s e do z é regulado pela etimologia e pelas tradições da língua.—Portanto, português, francês, cortês, freguês, defesa, empresa; e ao mesmo tempo, natureza, beleza, civilizar, realizar, organizar, vez, talvez… Em caso de dúvida, há ainda o recurso dos bons diccionários e vocabulários, organizados depois que é conhecida entre nós a sciência da linguagem, isto é, nos últimos vinte ou trinta annos.
9.^o—Escreve-se igreja, idade, igual.
10.^o—Acentuam-se graficamente todos os vocábulos esdrúxulos.—Portanto, pálido, túmulo, crisântemo, lêvedo, hipódromo, velódromo, diário, África… Acentuam-se os homógrafos, não homofónicos, pois há séde e sêde, govérno e govêrno, dúvida e duvida, etc. O acento grave pertence ás vogais abertas, não tónicas. Portanto, còrado, prègador, pègada… E também se póde empregar para desfazer ditongo, como em proìbir, miùdamente; e para mostrar que o u se pronuncia depois de g ou q, como em agùentar, freqùente… (quando convenha representar a pronúncia, especialmente no ensino primário).
Esta reforma entrou immediatamente em execução, e, felizmente, ainda fóra dos domínios officiaes, está sendo espontanea, e, mais ou menos rigorosamente, praticada por numerosos publicistas e jornalistas.
Para a sua melhor execução, publicaram-se dois vocabulários, o de Gonçalves Viana e o de Xavier Rodrigues, sob os auspícios da Commissão reformadora.
Como subscritor da reforma e velho propangandista da simplificação orthográphica, recebi conselhos e pedidos, para que a nova edição do presente diccionário se subordinasse inteiramente a essa reforma, na disposição alphabética dos vocábulos e na matéria do texto.
Bem intencionadas eram decerto essas solicitações; e, se a presente edição se fizesse daqui a dez ou vinte annos, é natural que os factos me levassem a acceitá-las e a deferí-las, visto que, segundo creio, dentro de alguns annos, a simplificação orthográphica, sem demasias irritantes e sem radicalismos nocívos, será naturalmente dominante em Portugal e no Brasil, e os diccionários de então deverão subordinar-se aos factos.
Mas os factos de hoje aconselham outra coisa. Como se não trata de um simples vocabulário de propaganda, mas de um diccionário da língua, a cujo autor impende o estricto dever de representar a actualidade gráphica do idioma, imprudência sería tomar como enraizada desde já, e geralmente, a simplificação orthográphica, e fazer de conta que não existiram as graphias de Herculano, Castilho e Latino, e ainda as da maioria dos que, no momento actual, escrevem português, aquém e além do Atlântico.
Um diccionário tem de sêr o registo dos factos da língua; e os factos são que a chamada até agora orthographia usual é por ora aceita, e sê-lo-á, por algum tempo, pela grande maioria dos que escrevem. Bastará ponderar-se que, embora a Academia Brasileira haja preconizado e praticado já uma reforma, que essencialmente não differe da portuguesa, a maioria dos milhões de indivíduos que na América falam a nossa lingua, ainda não praticam a simplificação adoptada pelo Govêrno português e pela Academia Brasileira.
Ora, um diccionário é livro para todos, e tem de subordinar-se aos factos mais geraes da língua; pelo que, tenho de manter a orthographia mais usual, á parte as fórmas erróneas, que procuro corrigir. Mas, como também é um facto a adopção official da orthographia simplificada e a adopção della, por parte de muitos e autorizados publicístas, registo a par as fórmas usuaes e as fórmas simplificadas, sempre que o vocábulo é susceptível de variantes legítimas: philósopho e filósofo, lyra e lira, theatro e teatro, Chímica e Química, inherente e inerente, etc.
Assim, encontra aqui o leitor as fórmas mais usuaes entre os escritores modernos; e o partidário menos perito da simplificação orthographica encontra, a par daquellas fórmas, as fórmas simplificadas, quando as usuaes possam sêr substituidas por fórmas simples.
De maneira que, sob êste ponto de vista, a obra deverá satisfazer os etymologistas, os usualistas, os simplificacionistas e todos os que queiram vêr registadas as graphias que mais lhes aprazam, sob a condição de serem legítimas.
(Nota da presente edição).
[7] A última reforma orthográphica, approvada officialmente, preceituou, por maioria de votos da Commissão reformadora, que em vez de trema, se use acento grave. É respeitável o preceito, mas achará difficuldades, que o trema não encontra.
(Nota desta nova edição).
[8] De acordo com a última reforma orthográphica, a que também está ligada a minha responsabilidade, simplifiquei um pouco, nesta nova edição, a accentuação gráphica, fóra dos casos em que ella é da maior vantagem, como nos vocábulos esdrúxulos, nos termos homógraphos mas não homophónicos, (sêde e séde, vária e varía), etc.
E assim também, como seja regra que é fechada a vogal tónica da desinência oso, formoso, idoso, etc., julguei aqui dispensável a accentuação gráphica e até a indicação parenthética do valor da vogal tónica. Como é regra sêr aberta a vogal tónica da desinência osa, (formosa, rosa, etc.) acentuo as excepções: espôsa, etc.
Da mesma fórma, sendo geralmente fechadas as vogaes tónicas das desinências or e er, (senhor, compor, doutor, comer, dizer, perder), acentuo graphicamente as excepções: majór, melhór, colhér, malmequér…
(Nota desta nova edição.)
[9] Nesta nova edição, novos e numerosos melhoramentos e correcções recaíram na parte etymológica, que também foi simplificada, restringindo-se ás fontes próximas, e pondo de lado as remotas, que só podem interessar a philólogos e não ao commum dos leitores.
(Nota desta nova edição).
[10] Neste parecer, como trabalho de responsabilidade collectiva, segue-se ortographia que não é a preferida pelo respectivo e douto relator.
C. de F.
[11] Que Madagascar é d'alguns chamada
Lusíadas, X, 137
A Quiloa fertil aspero castigo
Ibid. X, 26.
Em todos os versos do poema em que vem mencionado êste nome a medição exige a accentuação Quíloa.—V. Os Lusíadas, (edição anotada por F. Sales de Lencastre, Lisboa, Imprensa Nacional, 1892, p. 55). Os Ingleses escrevem Kilwa, modernamente.
[12] Embora os Latinos não conhecessem o nosso accento agudo nem o circunflexo, adoptam-se êstes aqui nas syllabas tónicas de vocábulos latinos, para melhór comprehensão de leitores menos letrados.