A Biblia Sagrada, Contendo o Velho e o Novo Testamento

Parabolas, da ovelha e da drachma perdidas.

15 E chegavam-se a [1] elle todos os publicanos e peccadores para o ouvir.

2 E os phariseos e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe peccadores, [2] e come com elles.

3 E elle lhes propoz esta parabola, dizendo:

4 Que homem d’entre [3] vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma d’ellas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vae após a perdida até que venha a achal-a?

5 E, achando-a, a põe sobre seus hombros, gostoso;

6 E, chegando a casa, convoca os amigos e visinhos, dizendo-lhes: Alegrae-vos comigo, porque achei a minha ovelha [4] perdida.

7 Digo-vos que assim haverá mais alegria no céu sobre um peccador que se arrependa [5] do que sobre noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.

8 Ou qual a mulher que, tendo dez drachmas, se perder uma drachma, não accende a candeia, e não varre a casa, e não busca com diligencia até a achar?

9 E, achando-a, convoca as amigas e visinhas, dizendo: Alegrae-vos comigo, porque já achei a drachma perdida.

10 Assim vos digo que ha alegria diante dos anjos de Deus sobre um peccador que se arrepende.

Parabola do filho prodigo.

11 E disse: Um certo homem tinha dois filhos;

12 E o mais moço d’elles disse ao pae: Pae, dá-me a parte da fazenda que me pertence. E elle lhes repartiu [6] a fazenda.

13 E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra mui longe, e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente.

14 E, havendo elle gastado tudo, houve n’aquella terra uma grande fome, e começou a padecer necessidade.

15 E foi, e chegou-se a um dos cidadãos d’aquella terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar os porcos.

16 E desejava saciar o seu estomago com as [AHF] bolotas que os porcos comiam, e ninguem lhe dava nada.

17 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pae teem abundancia de pão, e eu pereço de fome!

18 Levantar-me-hei, e irei ter com meu pae, e dir-lhe-hei: Pae, pequei contra o céu e perante ti;

19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

20 E, levantando-se, foi para seu pae; e, quando [7] ainda estava longe, viu-o seu pae, e se moveu de intima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

21 E o filho lhe disse: Pae, pequei contra o céu [8] e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

22 Mas o pae disse aos seus servos: Trazei depressa o vestido melhor, e vesti-lh’o, e ponde-lhe um annel na mão, e alparcas nos pés;

23 E trazei o bezerro cevado, e matae-o; e comamos, e alegremo-nos;

24 Porque [9] este meu filho era morto, e reviveu, tinha-se perdido, e é achado. E começaram a alegrar-se.

25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veiu, e chegou perto de casa, ouviu a musica e as danças.

26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquillo.

27 E elle lhe disse: Veiu teu irmão; e teu pae matou o bezerro cevado, porquanto o recuperou são e salvo.

28 Indignou-se, porém, elle, e não queria entrar. E, saindo o pae, o rogava.

29 Mas, respondendo elle, disse ao pae: Eis que te sirvo ha tantos annos, e nunca transgredi o teu mandamento, e nunca me déste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

30 Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.

31 E elle lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;

32 Portanto era justo alegrarmo-nos e folgarmos, [10] porque este teu irmão era morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.

[1] Mat. 9.10.

[2] Act. 11.3. Gal. 2.12.

[3] Mat. 18.12.

[4] I Ped. 2.10, 25.

[5] cap. 5.32.

[6] Mar. 12.44.

[7] Act. 2.39. Eph. 2.13, 17.

[8] Psa. 51.4.

[9] ver. 32. Eph. 2.1 e 5.14. Apo. 3.1.

[10] ver. 24.