Parabola dos lavradores malvados.
Mat. 21.33-46.
12 E começou [1] a fallar-lhes por parabolas: Um homem plantou uma vinha, e cercou-a de um vallado, e fundou n’ella um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e partiu para fóra da terra;
2 E, chegado o tempo, mandou um servo aos lavradores para que recebesse, dos lavradores, do fructo da vinha.
3 Mas elles, apoderando-se d’elle, o feriram e o mandaram embora vasio.
4 E tornou a enviar-lhes outro servo; e elles, apedrejando-o, o feriram na cabeça, e o mandaram embora, tendo-o affrontado.
5 E tornou a enviar-lhes outro, e a este mataram, e outros muitos, e feriram uns, e mataram outros.
6 Tendo elle pois ainda um seu filho amado, enviou-o tambem a estes por derradeiro, dizendo: Ao menos terão respeito ao meu filho.
7 Mas aquelles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemol-o, e a herança será nossa.
8 E, pegando d’elle, o mataram, e o lançaram fóra da vinha.
9 Que fará pois o Senhor da vinha? Virá, e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.
10 Ainda não lestes esta Escriptura: [2] A pedra, que os edificadores rejeitaram, esta foi posta por cabeça da esquina:
11 Isto foi feito pelo Senhor, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos?
12 E buscavam [3] prendel-o, mas temiam a multidão, porque entendiam que contra elles dizia esta parabola: e, deixando-o, foram-se.
Interrogação ácerca do tributo.
Mat. 22.15-22.
13 E enviaram-lhe alguns [4] dos phariseos e dos herodianos, para que o apanhassem n’alguma palavra.
14 E, chegando elles, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és homem de verdade, e de ninguem se te dá, porque não olhas á apparencia dos homens, antes com verdade ensinas o caminho de Deus: é licito dar o tributo a Cesar, ou não? Daremos, ou não daremos?
15 Então ele, conhecendo a sua hypocrisia, disse-lhes: Porque me tentaes? trazei-me uma moeda, para que a veja.
16 E elles lh’a trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscripção? E elles lhe disseram: De Cesar.
17 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dae pois a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus. E maravilharam-se d’elle.
Os sadduceos e a resurreição.
Mat. 22.23-33.
18 Então os [5] sadduceos, que dizem que não ha [6] resurreição, approximaram-se d’elle, e perguntaram-lhe, dizendo:
19 Mestre, [7] Moysés nos escreveu que, se morresse o irmão de alguem, e deixasse mulher e não deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher d’elle, e suscitasse semente a seu irmão.
20 Ora havia sete irmãos, e o primeiro tomou mulher, e morreu sem deixar semente;
21 E o segundo tambem a tomou e morreu, e nem este deixou semente; e o terceiro da mesma maneira;
22 E tomaram-n’a todos os sete, sem, comtudo, deixarem semente. Finalmente, depois de todos, morreu tambem a mulher.
23 Na resurreição, pois, quando resuscitarem, de qual d’estes será a mulher? porque os sete a tiveram por mulher.
24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura não erraes vós, porque não sabeis as Escripturas nem o poder de Deus?
25 Porquanto, quando resuscitarem dos mortos, nem casarão, nem se darão em casamento, mas serão como [8] os anjos que estão nos céus.
26 E, ácerca dos mortos que houverem de resuscitar, não tendes lido no livro de Moysés como Deus lhe fallou na sarça, dizendo: Eu sou [9] o Deus de Abrahão, e o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob?
27 Ora Deus não é dos mortos, mas sim Deus dos vivos. Por isso vós erraes muito.
O primeiro de todos os mandamentos.
Mat. 22.35-40 e refs.
28 E, approximando-se d’elle um dos escribas que os tinha ouvido disputar, sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
29 E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, [10] Israel, o Senhor nosso Deus é o unico Senhor.
30 Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento.
31 E o segundo, similhante a este, é: [11] Amarás o teu proximo como a ti mesmo. Não ha outro mandamento maior do que estes.
32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ha um só [12] Deus, e que não ha outro além d’elle;
33 E que amal-o de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o proximo como a si mesmo, é mais do que todos [13] os holocaustos e sacrificios.
34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguem [14] ousava perguntar-lhe mais nada.
O Christo, Filho de David.
Mat. 22.41-46.
35 E, fallando [15] Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem os escribas que o Christo é filho de David?
36 Porque o mesmo David disse pelo Espirito Sancto: [16] O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te á minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabello dos teus pés.
37 Pois, se David mesmo lhe chama Senhor, como é logo seu filho? E a grande multidão o ouvia de boa vontade.
Jesus censura os escribas.
Mat. 23.6, etc.
38 E, ensinando-os, [17] dizia-lhes: Guardae-vos dos escribas, que gostam de andar com vestidos compridos, e das saudações nas praças,
39 E das primeiras cadeiras nas synagogas, e dos primeiros assentos nas ceias;
40 Que devoram [18] as casas das viuvas, e isso com pretexto de largas orações. Estes receberão mais grave condemnação.
A oferta da viuva pobre.
Luc. 21.1-4.
41 E, estando Jesus assentado defronte da [19] arca do thesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do thesouro; e muitos ricos deitavam muito.
42 E, chegando uma pobre viuva, deitou duas pequenas moedas, que valiam quatro réis.
43 E, chamando os seus discipulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre [20] viuva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do thesouro,
44 Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o [21] que tinha, todo o seu sustento.